Análise da expansão urbana de Marília, São Paulo: um olhar sobre os remanescentes florestais ciliares periurbanos

Autores

DOI:

https://doi.org/10.20435/inter.v23i3.3525

Palavras-chave:

cobertura florestal, conservação hídrica, métricas de paisagem

Resumo

Devido à sua localização, a cidade de Marília, SP, encontra-se em uma região importante para o abastecimento hídrico do oeste paulista, e sua área urbana avança sobre as nascentes, sendo necessário preservar as florestas ciliares já degradadas e fragmentadas. Assim, o objetivo foi analisar temporalmente a paisagem nas regiões de interesse hídrico, com vistas a avaliar o potencial de conservação dos fragmentos florestais responsáveis por este recurso. Foi realizada uma análise temporal nos anos 1989, 1999, 2009 e 2019, a partir de imagens dos satélites Landsat 5, 7 e 8, com 30 m de resolução espacial. No programa ArcMap 10.3, o uso do solo foi agrupado em seis classes: formação florestal, plantio florestal, formação natural não florestal, agricultura, áreas não vegetadas e água. Para todo o município, foram calculadas as métricas de paisagem CA (cobertura da terra) e PLAND (proporção de cobertura da terra) para as seis classes de uso do solo. Foi realizada uma análise da cobertura florestal a partir de um buffer de 5 km no entorno da área urbana, sendo calculadas mais cinco métricas de área, borda e forma. O software Patch Analyst versão 5.2.0.16 foi utilizado para o cálculo das métricas de paisagem. As classes que mais se destacaram em tamanho de área foram agricultura (93.962,07 ha; 80,27%), formação florestal (15.682,97 ha; 13,40%) e áreas não vegetadas (5.220,63 ha; 4,46%). Os maiores aumentos proporcionais foram de plantio florestal (0,11 para 1,27 ha), água (0,02 para 0,05 ha) e áreas não vegetadas (2,17 para 4,45 ha), enquanto a agricultura perdeu área (85,73 para 80,27 ha). Houve aumento das áreas florestadas nos últimos 30 anos a partir do surgimento de fragmentos pequenos e morfologicamente frágeis; além disso, com o aumento da área urbana, aumentam-se os conflitos com os remanescentes florestais mais próximos. 

Biografia do Autor

Eduardo Campanhã Ribas, Universidade Federal do Paraná (UFPR)

Doutorando em Recursos Florestais pela Universidade de São Paulo (USP). Mestre em Engenharia Florestal na pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Graduado em Engenharia Florestal pela Universidade Estadual Paulista (UNESP). Gestor na Secretaria Estadual de Gestão e Recursos Humanos do Espírito Santo (SEGER), Laboratório de Gestão e Inovação (LABGES).

Daniela Biondi, Universidade Federal do Paraná (UFPR)

Doutora e mestre em Engenharia Florestal pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Graduada em Engenharia Florestal pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Professora titular da UFPR e líder do grupo de pesquisa Ciências da Paisagem. Editora-chefe da Revista da Sociedade Brasileira de Arborização Urbana, e editora-adjunta da Revista Floresta. Bolsista de produtividade em pesquisa 1C do CNPq.

Iran Jorge Corrêa Lopes, Universidade Federal do Paraná (UFPR)

Graduado em Engenharia Florestal pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Pesquisador da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Allan Rodrigo Nunho dos Reis, Universidade Federal do Paraná (UFPR)

Doutorando e mestre em Engenharia Florestal pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Engenheiro Florestal pela UFPR. Consultor autônomo nas áreas de Arboricultura e Silvicultura Urbana. Membro dos grupos Ecologia e Conservação de Ecossistemas Vegetais e Ciências da Paisagem. Filiado à Organização Não Governamental (ONG) Plant-for-the-Planet, atuando com Educação Ambiental e Justiça Climática. Participa do Grupo de Trabalho sobre Agricultura, Florestas e Uso do Solo (AFOLU), da Plataforma Regional da América Latina (LEDS LAC).

Thiago Gomes de Sousa Oliveira, Universidade Federal do Paraná (UFPR)

Mestrando em Engenharia Florestal pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Estagiário profissional voluntário do projeto de pesquisa de Recuperação Ambiental com Sistemas Integrados de Produção. Vinculado ao Centro de Estudos em Manejo e Sistemas Florestais Integrados (CEMI).

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Publicado

2022-10-25

Como Citar

Ribas, E. C., Biondi, D., Lopes, I. J. C., Reis, A. R. N. dos, & Oliveira, T. G. de S. (2022). Análise da expansão urbana de Marília, São Paulo: um olhar sobre os remanescentes florestais ciliares periurbanos. Interações (Campo Grande), 23(3), 867–878. https://doi.org/10.20435/inter.v23i3.3525