O trabalho frente à implementação do Corredor Bioceânico em Mato Grosso do Sul (BR)
DOI:
https://doi.org/10.20435/inter.v25i1.4218Palavras-chave:
Rota Bioceânica, Mato Grosso do Sul, trabalho, Corredor BioceânicoResumo
O Corredor Bioceânico, ou Rota de Integração Latino Americana – Rila, é um corredor rodoviário que visa integrar o território latino-americano e asiático. O discurso dos entusiastas do empreendimento sugere uma série de benefícios, incluindo o desenvolvimento econômico, aprimoramento da competitividade das cadeias produtivas e melhores oportunidades de emprego ao longo dessa rota. No entanto, é notável a falta de informações detalhadas sobre como essas promessas serão concretizadas e de que forma a população local se relaciona ou é contemplada – em sua diversidade – com o projeto. Neste sentindo, o objetivo deste trabalho é promover um debate reflexivo, para além da visão economicista e idealizada da implementação do Corredor Bioceânico, tendo como recorte espacial, o estado de Mato Grosso do Sul, e dando enfoque à questão do trabalho. Para tal, esta pesquisa utilizou-se de uma revisão da literatura, com análises a partir de autores da Antropologia e Geografia. Os resultados revelaram que a construção do corredor deve ser pensada para além dos supostos “benefícios econômicos” que ele possa gerar. Apesar deste trabalho concentrar as análises em Mato Grosso do Sul, as discussões levantadas extrapolam as fronteiras do estado, sendo relevantes para toda a extensão da implementação do corredor. Este trabalho chama a atenção para a necessidade de considerar as múltiplas perspectivas em jogo na construção do Corredor Bioceânico, indo além das suas supostas vantagens econômicas mais gerais.
Referências
ALMEIDA, Luciane Pinho; TEIXEIRA, Léia Lacerda; FIGUEIRA, Kátia Cristina Nascimento. A importância do estudo dos impactos sociais junto às comunidades locais dos territórios que integram o Corredor Rodoviário Bioceânico. Interações, Campo Grande, v. 20, n. especial, p. 285–96, 2019.
ALVES, Gilberto Luiz; VIOLIN, Fábio Luciano; BENITES, Maristela. Para Além da Rota Bioceânica: o artesanato indígena e o potencial do etnoturismo no sudoeste de Mato Grosso do Sul. Interações, Campo Grande, MS, v. 22, n. 4, 2021
AQUINO, João Victor M. de A.; FÉLIX, Ynes da S. O Brasil e seus equipamentos jurídicos de proteção das relações de trabalho no corredor bioceânico. Revista Foco, v. 16, n. 5, p. e1982, 2023.
ASATO, Thiago Andrade; MARQUES, Heitor Romero.; BUZARQUIS, Rodrigo Mussi. Perspectivas da economia criativa e do desenvolvimento local no Corredor Bioceânico. Interações, Campo Grande, v. 20, n. especial, p. 193–210, 2019.
AUGÉ, Marc. Por uma antropologia da mobilidade. Maceió: EDUFAL: UNESP, 2010
BANDUCCI JR., Álvaro. Catadores de iscas e o turismo da pesca no Pantanal Mato-grossense. Campo Grande: Editora UFMS, 2006.
BRAGA, Ruy. Uma sociologia da condição proletária contemporânea. Tempo Social – Revista de Sociologia da USP, v. 18, n. 1, p. 133-52, 2006.
BOURDIEU, Pierre. Capital simbólico e classes sociais. Novos estudos CEBRAP, p. 105–15, 2013.
BOURDIEU, Pierre. Sobre o poder simbólico. In: BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007.
CAMILO-PEREIRA, Ana Paula; ABRITA, Mateus Boldrine; FONSECA, Rafael Oliveira. Circulação, desenvolvimento econômico e ordenamento territorial: elementos teóricos para análises de pesquisas sobre a Rota de Integração Latino Americana. Confins. Revue Francobrésilienne de Géographie [Revista Franco-brasilera de Geografia]. 2020.
CAMPOS, Luana; FARIA, Alcides. Rota Bioceânica – o que é e seus impactos diretos e indiretos. Campo Grande: ECOA, 2022. Disponível em: https://ecoa.org.br/rota-bioceanica-o-que-e-e-seus-impactos-diretos-e-indiretos/. Acesso em: 13 jul. 2023.
CLIFFORD, James. Culturas Viajantes. Tradução de Pedro Maia Soares. In: NELSON, Cary; GROSSBERG, Lawrence (Org.). Cultural siudies. Londres: Routledge, 1992. p. 96–116.
COSTA, Edgar Aparecido.; RODRIGUES, Glenda Helenice da Silva.; SAQUET, Marcos Aurélio. Aportes para o (des)envolvimento da agricultura camponesa no entorno da Rota Bioceânica, em Mato Grosso do Sul, Brasil. Campo-Território – Revista de Geografia Agrária, v. 16, n. 43, p. 73–102, dez. 2021.
CRUZ, Ricardo Luiz. Financeirização da Economia e Naturalização da Precariedade: Notas sobre a Gênese do Neoliberalismo na América Latina. In: SUZUKI, Júlio César.; CASTRO, Rita de Cássia Marques Lima.; GALDINO, Gabriel (Org.). A precarização do trabalho e as crises dos modelos produtivos na América Latina no Século XXI. São Paulo: FFLCH/USP, PROLAM/USP, 2022. p. 72–106.
FERNANDES, Tatiane Aparecida D. de S.; ABRITA, Mateus B.; RIBEIRO, Mara Aline dos S. Desenvolvimento regional de Três Lagoas-MS: aspectos econômicos, sociais e desafios frente a Rota de Integração Latino Americana – RILA. In: SEMINÁRIO LEITURAS DE FRONTEIRAS, 7., 2022. [Org: FERREIRA, André S.; RIBEIRO, Mara Aline dos S.]. Anais [...]. Campo Grande, MS: UFMS, 2022, p. 171-176.
LUNAS, José Roberto da Silva; MELO, Aline Santos; LUNAS, Maria Cristiane Fernandes da Silva. Desafios para o Corredor Bioceânico e suas potencialidades turísticas: a questão da livre circulação de pessoas. Interações, Campo Grande, v. 20, p. 31– 43, 2019.
MATO GROSSO DO SUL. Com instalação de megaindústria de celulose, Inocência vai ter crescimento ordenado pelo governo do estado. Agência de Notícias, Campo Grande, MS, 2023. Disponível em: https://agenciadenoticias.ms.gov.br/com-instalacao-de-megaindustria-de-celulose-inocencia-vai-ter-crescimento-ordenado-pelo-governo-do-estado/. Acesso em: 15 jul. 2023.
SANTOS, Milton. Por uma Geografias das Redes. In: SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. 4. ed. 8. reimpr. São Paulo: Edusp, 2014
SANTOS, Milton. Por uma Economia Política da Cidade. 2. ed, 2. reimp. São Paulo: Edusp, 2012.
SECRETARIA DE ESTADO DE TURISMO, ESPORTE, CULTURA E CIDADANIA [SETESCC]. Comunidades Indígenas. Portal Setescc, Campo Grande, 2019. Disponível em: https://www.setescc.ms.gov.br/comunidades-indigenas-2/. Acesso em: 14 jul. 2023.
SECRETARIA DE MEIO AMBIENTE, DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, PRODUÇÃO E AGRICULTURA FAMILIAR [SEMAGRO]. Relatório parcial da modelagem econômica de transportes, simulação e geração de cenários. Campo Grande: SEMAGRO, 2022.
SILVA, Giovani José. De Mbayá-Guaikurú a Kadiwéu: uma sociedade de artistas e guerreiros. In: CHAMORRO, Graciela; COMBÈS, Isabelle (Org.). Povos indígenas em Mato Grosso do Sul: história, cultura e transformações sociais. Dourados, MS: Ed. UFGD, 2015. p. 934.
THOMAZ JR., Antonio. O mundo do trabalho e as transformações territoriais: os limites da ‘leitura’ geográfica. PEGADA – A Revista da Geografia do Trabalho, v. 12, n. 1, p. 104–22, 2011.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Tatiane Aparecida Dreger de Souza Fernandes, Antônio Hilário Aguilera Urquiza, Ricardo Luiz Cruz
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Direitos Autorais para artigos publicados nesta revista são do autor, com direitos de primeira publicação para a revista. Em virtude de aparecerem nesta revista de acesso público, os artigos são de uso gratuito, com atribuições próprias, em aplicações educacionais e não-comerciais.