O Sanatório São Julião na mídia impressa campo-grandense (1941-1970): um estudo historiográfico

Autores

DOI:

https://doi.org/10.20435/multi.v24i58.2566

Palavras-chave:

História da Saúde, Lepra, Políticas de Saúde, Políticas Públicas

Resumo

O objetivo deste trabalho é apresentar e discutir a forma como o Sanatório São Julião circulou na mídia impressa campo-grandense, entre 1941 e 1970. Estima-se analisar, por meio do discurso midiático, práticas de assistência ao Sanatório e aos seus internos, por parte da sociedade. As fontes primárias utilizadas foram notícias publicadas em jornais, disponíveis no Arquivo Municipal de Campo Grande (ARCA), a saber: Correio do Estado, O Matogrossense e o Jornal do Comércio. As análises do material sugerem que a sociedade campo-grandense, movida por certa visão social da lepra, manifestada pela mídia impressa, “amparou” os internados no Sanatório São Julião com doações de diversos gêneros, desde alimentos a expressivos valores, efetuados por “generosos” campo-grandenses. Assim, as imagens evocadas pelo discurso midiático, referentes ao Sanatório São Julião, concebem a ideia de um cuidado em saúde ligado a práticas assistencialistas. 

Biografia do Autor

Kely Cristina Garcia Vilena, UNIVERSIDADE CATÓLICA DOM BOSCO

Doutoranda e mestre em Psicologia pela Universidade Católica Dom Bosco (UCDB). Docente no curso de Graduação em Enfermagem da UCDB.

Rodrigo Lopes Miranda, UNIVERSIDADE CATÓLICA DOM BOSCO - UCDB

Doutor em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Docente e pesquisador no Programa de Pós-Graduação − Mestrado e Doutorado em Psicologia da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB).

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Publicado

2019-12-16

Como Citar

Vilena, K. C. G., & Miranda, R. L. (2019). O Sanatório São Julião na mídia impressa campo-grandense (1941-1970): um estudo historiográfico. Multitemas, 24(58), 209–230. https://doi.org/10.20435/multi.v24i58.2566